Sobre o jogo

Kingdoms of Amalur: Reckoning é um RPG lançado em 2012 para PS3 e Xbox 360, produzido pela 38 Studios e publicado pela EA. Após a 38 Studios declarar falência, os direitos da franquia foram comprados pela THQ Nordic. A empresa lançou o remaster intitulado “Kingdoms of Amalur: Re-Reckoning” em setembro de 2020 e gentilmente nos cedeu uma cópia para análise.

O jogo contou com Ken Rolston (de The Elder Scrolls: Morrowind e Oblivion) como designer executivo, R.A. Salvatore (autor de diversas obras de Forgotten Realms para D&D) como criador do mundo e da lore, Todd McFarlane (criador do Spawn e artista em diversas HQs) e Grant Kirkhope (de Banjo-Kazooie e 007 Goldeneye) na trilha sonora.

Visual

Apesar de ser um Remaster, o jogo é visivelmente datado. Os gráficos gerais dos ambientes deixam a desejar e a animação dos personagens também. Não parece que a THQ Nordic se empenhou tanto em dar uma repaginada no jogo para seu relançamento. Isso pode ter consequências negativas, afastando novos jogadores puramente pelo seu visual. Apesar disso, o jogo é obrigação para qualquer fã de RPG. Tem um mundo imersivo e uma história muito boa.

História

Seu personagem acorda em um poço cheio de corpos e sem memória de quem é e como foi parar ali. Ao tentar fugir daquele lugar, descobre que foi revivido em um experimento chamado Poço das Almas pelo gnomo chamado Fomorous Hugues. Foi o único que sobreviveu ao tal experimento. Ao tentar escapar daquele lugar, sofre um ataque dos Tuatha Deohn, uma seita da raça imortal Fae que está em guerra (Guerra do Cristal) com todas as outras raças mortais do continente. Após conseguir escapar, seu personagem encontra com Agarth, um Tecelão do Destino (uma ordem que consegue ler o destino de todas as pessoas de Amalur), porém ele descobre que não pode ler seu destino e então seu personagem passa a ser chamado de “O Sem-Destino”. 

Para descobrir seu passado, O Sem-Destino parte em uma aventura pelo continente, visitando diversos lugares habitados pelos mortais e pelos imortais, e acaba por entender que seu destino está interligado àquele que iniciou a guerra.

Jogabilidade

 – Elementos de RPG: Classes, atributos e Destino

Em KoA: Re-Reckoning temos classes, atributos e um sistema chamado Destino. Os atributos são as técnicas que seu personagem pode ter: alquimia para coletar ingredientes e criar poções, ferraria para consertar e criar seus equipamentos, detecção para encontrar baús e itens no mapa, dissipação para dissipar magia de baús e abri-los sem ser sofrer danos, arrombamento para abrir baús, mercante para vender e comprar com melhores preços, persuasão para persuadir NPCs a fazer o que você quer, criação de gemas para melhoramento de equipamentos e furtividade para…bem, ser furtivo.

É importante notar que o sistema de criação (Craft) é bem amplo e complexo, mas ao jogar em dificuldades medianas e mais fáceis, totalmente desnecessário. Você consegue loot de bons equipamentos fazendo side quests o que torna a criação de equipamentos um pouco irrelevante. Entretanto, a criação de gemas que são acopladas aos equipamentos para fornecer bônus e melhorias é bem mais útil e fácil de utilizar ao longo do jogo.

Em adição aos atributos, temos também três classes com seus respectivos ataques e habilidades: Finesse (sutileza), Sorcery (feitiçaria), and Might (força) que seriam equivalentes a Ladino, Mago e Guerreiro. O mais interessante do sistema de classes é o fato de que não estamos presos a uma ou outra. O personagem pode mesclar classes e habilidades, não precisando se restringir a somente uma escolha.

Dentro de cada dessas classes, podemos melhorar o manuseio de determinadas armas, como espadas em Might, adagas em Finesse e cajado em Sorcery, além de poder investir também em habilidades ativas e passivas. As habilidades ativas podem ser mapeadas para atalhos para serem usadas durante as batalhas (lado direito inferior na foto abaixo). É possível liberar também “movimentos” específicos para as armas ao investir pontos em determinadas habilidades. Por exemplo, se você pressionar o botão ataque três vezes seguidas você realiza um combo, se pressionar três vezes com uma pausa entre elas, outro combo e se segurar o botão de ataque, faz um ataque especial.

Ainda, em adição às classes, temos o sistema de Destino. Quando você sobe de nível, além de poder aumentar os atributos e habilidades das classes, poderá também escolher o seu destino. Na prática, isto quer dizer que você vai escolher um boost para sua classe, seja ela uma mescla entre elas ou não. Ao escolher um Destino, você ganha bônus baseados naquelas classes. Por exemplo, caso invista mais em habilidades de ladino e mago, você vai liberar cartas do Destino que dão bônus para status relacionados a estas classes, como uma melhoria nos ataques à distância e maior defesa elemental. Quanto mais pontos você investir em determinadas classes, mais cartas serão liberadas, com bônus cada vez melhores.

– Combate

A jogabilidade durante o combate é bem direta: um botão para ataques da arma primária, outro para a arma secundária, um para defesa com escudo e outro para esquiva. Nas armas primária e secundária podemos fazer qualquer combinação de armas, não é preciso que uma seja de ataque físico e outra elemental ou de distância.

O escudo, além de defesa, pode ser usado também para o famoso parry (defesa com esquiva), onde, caso faça no tempo certo, você cria uma abertura para contra-ataque e deixa seu inimigo vulnerável. Há também a possibilidade de liberar a habilidade de golpear com o escudo.

Temos também as habilidades ativas e contínuas que são mapeadas para os atalhos. Como sabemos, não há restrição de classes, portanto podemos ter habilidades de qualquer classe mapeadas para os atalhos.

Outro mecanismo presente durante o combate é o modo “Destino” (Fate). Junto à barra de HP e de Mana, temos a barra roxa do destino. Ela pode ser preenchida ao derrotar inimigos e ao completá-la você libera um modo onde fica mais forte e ganha mais experiência ao executar um inimigo com um movimento especial. Esta habilidade é ideal para derrotar chefões ou quando há muitos inimigos na batalha, pois assim você ganha um excelente aumento de XP.

Um ponto importante de ser mencionado é que, apesar de as batalhas serem frenéticas e divertidas, a câmera muitas vezes é o pior inimigo. Quando estamos em ambientes fechados e lutando com muitos inimigos ao mesmo tempo, ela muitas vezes atrapalha, pois fica muito próxima ao personagem, reduzindo nossa percepção de espaço.

– Mapa e Quests

O mapa de KoA é gigante. Apesar disso, não se trata de um mapa de mundo aberto como estamos acostumados a encontrar em jogos mais recentes. Você anda e explora o mapa através de estradas, então a movimentação em grande parte é bem restrita e em algumas localidades temos áreas mais extensas.

Viajar pela primeira vez para alguns pontos e então desbloquear cidades, vilas, cavernas e acampamentos possibilita a viagem rápida para aqueles lugares. Algumas localidades são ligadas ao avanço na história, portanto não espere poder ir a qualquer lugar desde o começo do jogo.

Em cada local habitado, você encontrará MUITAS quests. Elas variam de colher algumas plantas a derrotar monstros poderosos. Mas, novamente, são MUITAS quests. Muitas divertidas e interessantes, outras nem tanto, como em todo RPG. Diversas quests secundárias aprofundam bastante a lore do jogo e ajudam a dar uma noção de como as coisas funcionam naquele mundo. É comum encontrar jogadores na internet afirmando que Amalur possui as melhores side quests de games de RPG.

Considerações finais

Além dos pontos negativos citados ao longo da matéria, talvez o pior  deles seja o fato de que, até o momento, não temos sequer legendas em português para o game. Mas, se você é fã de RPG, este jogo deveria definitivamente estar na sua coleção. Com uma história de fantasia imersiva, que bebe das principais obras do gênero, mas que ao mesmo tempo consegue dar seu próprio toque especial, com diversas quests, diversos tipos de monstros para derrotar e um combate extremamente satisfatório e divertido, Kingdoms of Amalur: Re-Reckoning é a ótima introdução, apesar de um pouco datada, ao mundo de Amalur.

Considerando que a THQ Nordic comprou os direitos da franquia e que planeja lançar uma expansão em 2021, é de se esperar que tenhamos eventualmente uma sequência para o game. Mal posso esperar por um novo jogo de Kingdoms of Amalur, produzido com as tecnologias da nova geração.