Há muitas razões pela qual um relacionamento termina. Traições, brigas, mudanças na vida do casal. As vezes simplesmente não há motivo, as coisas simplesmente deixam de dar certo e as pessoas envolvidas decidem seguir por caminhos separados. O que todos esses relacionamentos que chegam ao fim tem em comum é o fato de que nunca é um período fácil para os envolvidos – há muitas questões práticas envolvidas em muito sentimento acumulado.
Em História de Um Casamento conhecemos Charlie, um diretor de teatro em Nova Iorque que está em ascensão e sua esposa Nicole é sua musa e atriz principal. Depois de tantos anos e tantas peças de sucesso, Nicole decide que não quer mais prosseguir com o relacionamento, e ambos tentar prosseguir com isso da forma mais amigável possível. Afinal eles têm Henry, o filho de 8 anos do casal, e precisam fazer essa separação acontecer sem que haja muita influência na vida do filho.
Porém, essa boa intenção não consegue perdurar por muito tempo. Nicole resolve morar em Los Angeles e Charlie entra em desespero com a possibilidade de não ser pai em tempo integral como costumava ser. O roteiro consegue ser eficiente em mostrar que não há heróis ou vilões nessa história, apenas interesses distintos e muitos sentimentos conflitantes, o que impede os personagens de estabelecer um diálogo que não seja difícil, agressivo e pouco produtivo.
É fácil perceber que os personagens ainda nutrem um grande afeto um pelo outro, mas há tanto envolvido e tantos fatos dolorosos a serem encarados e discutidos que esse sentimento acaba mais afastando-os que aproximando. A vontade de “ganhar” a disputa faz com que haja uma judicialização do processo de divórcio – é curioso que os dois personagens preferem entregar o controle de suas vidas para dois advogados que os veem apenas como um número de processo apenas porque se recusam a “perder” a disputa um para o outro.
Tanto Scarlett Johanssen quanto Adam Driver entregam atuações muito bonitas e profundas de Nicole e Charlie. Há apenas uma cena de conflito aberto entre ambos mas há muitos outros momentos em que os atores conseguem transmitir o sofrimento de seus personagens de uma forma não verbal que é muito humana. Os diálogos entre os personagens são ótimos e reais e isso é uma vantagem do roteiro, mas toda a humanidade do filme se deve a atuação de Driver e Johanssen.
O grande ponto positivo de História de Um Casamento é contar uma história sobre pessoas comuns de uma forma muito realista, sem apelar para grandes vilões ou momentos catárticos: É um olhar para um momento difícil pela qual passam Charlie e Nicole. Ao final de tudo isso, mostra-se que não há vencedores. E que, depois que os advogados prosseguem para o próximo caso, é Charlie e Nicole que tem de continuar convivendo– afinal, Henry permanece filho dos dois.
Indico para os que gostam de ver um bom drama com excelentes atuações. Driver não tem chances contra Phoenix e é provável que Johanssen acabe preterida por Renne Zellweger. Mesmo assim, ambos tem minha torcida.
Nota 8 – bom filme